quarta-feira, 13 de julho de 2016

Óculos

                   Óculos

           Minha mãe usa óculos. Meu pai deveria usar. Minha avó? Ela usa lente. Tenho 5 irmãos, dos quais 3 usam óculos tambem.
             Pois é; obviamente, sendo assim, eu também uso.
            Passei a usar com 8 anos, lembro-me do meu primeiro óculos. Era um rosa claro, meio transparente, e de formato retangular; amei usá-lo. Adorava.
            Desde então, sempre uso óculos, não consigo ler,de perto ou de longe, ou até mesmo indentificar pessoas de longe sem ele.
            Tenho muita olheira; roxa, profunda; elas marcam muito meu rosto. O óculos, que agora eh meio quadrado, e grande; azul marinho, rosa claro por dentro.
            O óculos desfarsa
            "Eu não nasci de óculos; eu não era assim não"
             Acham que o óculos da charme de intelectual; será mesmo? Talvez, as vezes; as vezes não
             "Se eu to feliz eu ponho os óculos e vejo tudo bem; mas se to triste eu tiro os óculos, eu não vejo ninguem"
             Sempre amei essa frase; óculos faz com que nós, intelectuais vistos como intelectuais apenas pela armação em nossos olhos, ou não intelectuais vistos como tais, enxergarmos; é uma ajuda; nossa ajuda. Mas também funcionacomo saída de incendio
              Se você usa óculos, não fique triste, pode ser seu charme; sua ajuda; sua ligação genética com o resto da sua familia.. E também sua saída de incendio..

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Meu Nome é Khalil

Meu Nome é Khalil

Meu nome é Khalil. Eu tenho cinco anos.
Nasci em Palmira, uma cidade que fica na Síria. Minha mãe e meu avô contavam histórias de quando Palmira era um lugar bonito. Quando eu tinha até quatro anos, essas histórias serviam para eu dormir. Mas como mamãe diz, quando eu fiz cinco, virei um menino grande, e comecei a fazer perguntas sobre a guerra... e principalmente sobre papai.
Minha casa foi destruída quando eu ainda era um bebê. Nunca vi minha cidade, nunquinha, só na minha imaginação, lá é um lugar bem bonito.
Mamãe diz que papai era um homem corajoso e bonito, que nem eu. Ele morreu quando nossa casa foi atingida por uma bomba... Acho. Eu não entendo isso! O que fizemos para sermos tratados assim?!
Ele estava tentando proteger a mamãe, eu e o vovô. Eu ainda era um bebê de colo, por isso não lembro de nada.
Logo depois disso, fomos presos. Na verdade, foram alguns anos depois... Não tenho muita noção de tempo.
Fomos presos em um lugar super apertado. Eu fiquei com a mamãe, mas fomos separados do vovô.
De noite, mamãe continuava contando histórias da minha cidade natal, e eu dormia. Mas às vezes eu não conseguia dormir, e via aqueles homens maus que nos prenderam aqui em cima da mamãe.
Precisava proteger ela, então me levantei, mas Tamires, uma menina com uns onze anos me segurou... Depois eu dormi. Ainda não entendo direito o que tinha acontecido. Mas mamãe não estava feliz. Ela estava sofrendo. Isso eu sei.
Uma noite, eu dormi lá, e quando acordei, estava no mar. Com mamãe, vovô, Tamires, os pais dela, e Piteu, um menino da minha idade. Me falaram que fugimos, por pouco. Mas não me contaram como... Tudo bem! Desde que mamãe não sofra mais!
Agora, está completando oito dias no mar. Vovô caiu, estava sem forças. Piteu não comia, e uma noite ouvi mamãe e o pai de Tamires falando sobre “depressão”... Não sei o que é isso... O pai de Tamires se jogou no mar. Um covarde, mamãe diz. Eu também acho.

Tento não entrar em desespero. Tenho cinco anos, sou um menino grande. O único homem aqui. Vou proteger elas. Mamãe, Tamires, Piteu, e a mãe de Tamires. Vou proteger elas, sou corajoso e bonito, igual ao papai. E ainda vou salvar todos. TODOS.