sábado, 4 de junho de 2016

Espero

Espero

Sentada em uma das mesas do Starbucks, espero meu pedido chegar. Antes, eu estava em pé na fila; mas então, depois de mais ou menos 10 ou 15 minutos no mesmo lugar, meus pés e minhas pernas começaram a doer, então troquei de lugar com a minha mãe, e fui sentar.
Vim para o cinema com a minha mãe, assistir "Alice Através do Espelho", por motivos muito simples: 1 - Johnny Depp 2 - Andrew Sccot 3 - eu queria ver por que assim, eu li o livro, e queria ver o que tinham feito dessa vez (ps: não tem nada a ver com o livro, igual ao Alice no País das Maravilhas).
A mesa é pequena e redonda, de madeira. Em cima dela, apenas os brownies, um de chocolate amargo, e outro de chocolate com doce de leite. Tento me conter a pegar um e dar a primeira mordida.
A fila para pagar fica cada vez maior, e a de pegar o que pediu também. Um pouco mais tarde e a gente já teria desistido e pegado um sorvete do Mc.
Em volta, tem algumas mesas iguais à a que estou, onde se sentam vários casais. Em um pequeno sofá, um casal de gays, com os frappuccinos acabados ao lado. Eles se beijam. É o terceiro casal homossexual que vejo no shopping. Um casal de gays na sala do cinema, um de lésbicas na livraria, e agora esse. Parece que cada vez mais aparecem. Eles estão se libertando, acho. Acho isso legal.
De repente, a ideia de estar rodeada de casais, e estar com a minha mãe me machuca um pouco. Não sei por que, mas ao menos ela estivesse aqui comigo... mas enfim, esse texto não será um dos mil que tenho sobre minha horrível vida amorosa. (Ou trágica, depende do ponto de vista).
Discretamente (só que não) observo o casal. Os dois aparentam ter uns 15 ou 16 anos. Um deles tem os cabelos espetados e azuis. Me lembra algum personagem de anime. Usa uma camiseta preta, calça jeans, e all star preto. O outro tem o cabelo enrolado e loiro, claramente pintado, dando para ver fios pretos perto da raiz. Veste camiseta de tie dye, bermuda jeans esbranquiçada, e All Star de cano alto azul.
Eles se separam um pouco, e o de cabelo azul sussurra alguma coisa para o outro, que sorri. Então, ele olha para mim, e seu olhar se fecha um pouco, e ele se separa mais do outro, que vira para trás e me olha. Os dois fecham a cara; devem achar que os observo com algum tipo de desgosto, ou simplesmente não gostam que sejam observados (o que entendo totalmente).
Abro um sorriso, como um pedido de desculpas, e eles abrem um leve sorriso e voltam a se beijar.
Abro um dos mangás que comprei na livraria, e coloco os fones para ouvir My Chemical Romance.
Não sei quanto tempo passou, já estava na metade do mangá, e minha mãe veio, com os dois frappuccinos. Fechei o mangá e tirei um dos fones, e dei a primeira mordida no brownie. Sim, era tão bom quanto eu achava que era.
Dou o primeiro gole no frappuccino... e esqueceram o café.





2 comentários:

  1. juro, gostei, gosto do seu modo de escrever nada formal, eu que "te conheço", imagino você contando essa historia, e não um narrador qualquer, gosto disso, deu pra imaginar a cena, inclusive você nela. enfim, gostei do modo que escreveu este texto.

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  2. Júlia, parabéns pelo seu processo. Está muito bom, você encontrou uma voz própria e narra com desenvoltura. Em termos de processo, está excelente. Procure, agora, elaborar mais as situações, deixando as imagens surgirem.

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