Relatos
Incompreensíveis ou não de um Lixo Orgânico
Intervalo
deles de novo. Prefiro quando é o dos outros. Digo, se eu pudesse
ter alguma preferência; se pudesse dizer, e se referir a esse pedaço
preto de plástico vazo, que abre e fecha, como “eu”.
Mas
vamos supor que “eu” possa sentir, e ser mais. Mais do que um
pedaço preto de plástico vazo, que abre e fecha. Tenho um pedal
também. As pessoas pisam nele, e abrem a minha tampa, para jogar o
resto de seus alimentos dentro de mim.
Ah,
não, desculpe. Eu tinha
um pedal. Alguém quebrou ele ; já faz um tempo. Ou não. Afinal,
oque é tempo? Para aquelas criaturas que andam por aqui, tempo é
horas, dias, semanas, meses. Seu disso por que alguém jogou uma
agenda velha em mim. Tive vontade de gritar: “Isso não é
orgânico, animal!!” Mas não deu certo. Primeiro, por que não
tenho boca, nem voz. Segundo, por que não tenho vontade própria,
Acho que isso é a pior coisa em ser um lixo orgânico: não ter
vontade própria.
Na
verdade, nem sei se sou realmente um “lixo orgânico”, só falo
isso por que é oque está escrito, em branco, na minha frente; e
como alguns humanos me chamam. Acho melhor acreditar nisso mesmo, se
não vou ficar muito confuso. Afinal, oque seria de mim se não
acreditasse que sou algo?
Quando
digo “intervalo deles”,
me refiro aos humanos menores. Alguns pequenos demais, e que outros
chamam de “projeto de gente”.
Não
entendo isso; Essa história de crescer. Fui fabricado, e já vim ao
mundo com esse tamanho, essa forma, esse jeito. Pouco depois, mal
tive tempo de descobrir onde estava, vim para cá. Para essa... qual
é o nome mesmo? Escola?
Desde
que me trouxeram para cá, acompanhei o “crescimento” de muitas
pessoas. Alguns me tratam muito bem; Me abrem cuidadosamente e jogam
apenas os restos de alimentos em mim. E tem aqueles brutos, que não
sei como se chamam de seres humanos, que me abrem colocando toda sua
raiva, e jogam qualquer coisa em mim. As vezes, até dão-me
ponta-pés. É simplesmente incompreensível.
De
manhã, tinha um menino que jogava cascas de maçã dentro de mim.
Era meu perfume matinal. Acho que o menino se chama Cauê, mas não
sei, pode ser só impressão.
Vi
esse menino crescendo, e virando homem. Desde pequeno, ele nunca se
esqueceu de me dar meu perfume matinal sabor cascas maçã; Mas
“pessoas vem, pessoas vão”, e o menino virou “homem feito”,
e foi. Se pudesse amar, teria amado muito Cauê.
Quando
ele se foi, queria me despedir dele. Isso é, iria querer me despedir.
Mas não deu certo. É, realmente. Não ter vontade própria é a
pior coisa em ser um lixo orgânico.
(amei o titulo) haha, gostei muito, não é minha preferida porque né (luz da lua ever). mas eu gostei bastante, foi bem construida, o começo quando deixa claro ser um lixo parece ser sem graça, mas ai você acaba desenvolvendo, e conseguiu que ficasse bom.
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